O Facebook anunciou nesta segunda-feira que no final de março lançará “novas ferramentas” para lutar contra as ingerências nas próximas eleições ao Parlamento europeu, que devem ocorrer em maio. Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico e diretor mundial de Assuntos Públicos da empresa americana, revelou “essas novas ferramentas” em Bruxelas, respondendo ao chamado contra a desinformação lançado em dezembro pela Comissão Europeia. “No fim de março haverá ferramentas para evitar a ingerência nas próximas eleições e fazer com a que a publicidade política no Facebook seja mais transparente”, disse.

O Facebook é um dos gigantes da Internet particularmente criticados por não ter detectado campanhas de manipulação do eleitorado americano durante a eleição presidencial de 2016, atribuídas à Rússia. O caso Cambridge Analytica, que revelou a exploração dos dados de usuários do Facebook com fins políticos, danificou a sua reputação.

Diante da imprensa em Bruxelas, Clegg explicou que todos os que querem fazer campanha e fazer campanhas de publicidade no Facebook deverão obter uma autorização do grupo. “Colocaremos em evidência uma cláusula de não responsabilidade (com a menção) ‘pago por’ nessas propagandas”, acrescentou. “Todos os anúncios políticos serão conservados em uma biblioteca virtual acessível ao público durante um período máximo de sete anos”, detalhou Clegg.

Para “coordenar este trabalho vital” anunciou “a criação de um centro de operações focado na integridade das eleições para a primavera (no hemisfério norte), com sede em Dublin”. “Estou contente de saber que o Facebook está lançando novas ferramentas e se compromete com a proteção da privacidade, mas eu gostaria de menos retórica e desculpas e mais ações concretas, particularmente quando se trata de desinformação e de proteger as eleições de (eventuais) manipulações”, reagiu a comissária europeia de Justiça, Vera Jurova.

Clegg, que trabalhou na Comissão Europeia e foi eurodeputado, declarou que, no futuro, o Facebook incentivará os governos e a UE a regular melhor a Internet. “Está claro que a UE tem um papel a desempenhar nesse domínio para mostrar o caminho do meio – um modelo que combina o dinamismo do Vale do Silício (Califórnia, EUA) e o rigor regulatório de Bruxelas”, indicou Clegg. “Gostaríamos de estar no centro dessa discussão”, acrescentou.

*Correiodopovo