A situação econômica do Líbano levou milhares de pessoas a ocuparem as ruas da capital, Beirute, pelo segundo dia nesta sexta-feira (18). O estopim da revolta popular foi uma proposta do governo de taxar o uso de Whatsapp, mas os problemas são bem mais profundos.

Os manifestantes bloquearam estradas e ocuparam praças próximas à sede do governo, mas as tensões vêm se acumulando há meses, com a economia em declínio. Diante de um pacote de medidas de austeridade, que incluía a tentativa de criar um imposto sobre o Whatsapp, eles pedem a saída do atual governo e novas eleições.

A proposta consistia em uma taxa de US$ 0,20 (cerca de R$ 0,82) na primeira chamada de voz que as pessoas fizessem pelo app por dia. Como a grande maioria da população usa o Whatsapp como forma de driblar os altos custos das linhas telefônicas convencionais, a revolta se espalhou.

A situação levou o primeiro-ministro Saad al-Hariri a fazer um pronunciamento em rede nacional, dando um prazo de 72 horas para o Parlamento aprovar medidas urgentes para resolver os problemas. “Para aqueles que criaram obstáculos desde a formação do governo e bloquearam todas as minhas tentativas de reforma, digo que não temos mais tempo. Precisamos dar uma resposta decisiva a todo o Líbano”, disse ele.

Hariri, que no início de seu governo tinha o apoio da Arábia Saudita, viu seus aliados o abandonarem conforme cresceu a influência do Hezbollah — que é apoiado pelo Irã — no país. Os membros da milícia que fazem parte do Parlamento e do governo se recusam a aprovar parte da reforma, considerada impopular e, ao mesmo tempo, sofrem sanções de países como os EUA, que diminuem o investimento externo.

Assim como os cataões fizeram na Espanha, os libaneses fecharam estradas importantes, como a que leva ao aeroporto de Beirute, botando fogo em pneus espalhados pelo asfalto. Mesmo com toda a revolta, a situação do país não parece ter uma saída fácil. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a dívida do país vai fechar o ano correspondendo a 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

Policiais e forças de segurança reprimiram os protestos com violência em Beirute, depois que os manifestantes começaram a cantar pedindo a queda do governo e falando em uma “revolução”. Ainda não há nada claro sobre o futuro do Líbano, mas mesmo se Hariri permanecer no comando, a economia do país não deve melhorar imediatamente.

*R7