Bilhões de pessoas no mundo veem conteúdo relevante na internet com a ajuda de algoritmos. Não é exclusivo do Facebook.

No entanto, o testemunho da ex-gerente de produtos e denunciante da empresa, Frances Haugen, no início deste mês, e os documentos apresentados, renovaram a apuração do impacto que o Facebook e seus algoritmos têm sobre os adolescentes, a democracia e a sociedade em geral.

As consequências levantaram a questão de quanto o Facebook — e talvez plataformas semelhantes — pode ou deve repensar o uso de diversos algoritmos para determinar quais imagens, vídeos e notícias os usuários veem.

Os algoritmos não estão desaparecendo. No entanto, existem maneiras da empresa melhorá-los, disseram especialistas em inteligência artificial.

Uma mudança, porém, exigirá algo que o Facebook parece relutante em oferecer até agora (apesar dos pontos de discussão dos executivos): mais transparência e controle para os usuários.

Repensando o foco no engajamento

Um grande obstáculo para fazer melhorias significativas é o foco atual das redes sociais na importância do engajamento, ou a quantidade de tempo que os usuários passam rolando, clicando e interagindo com postagens e anúncios de mídia social, dizem os especialistas.

Haugen revelou documentos internos do Facebook que mostram que a rede social está ciente que sua “mecânica de produto central, como viralidade, recomendações e otimização para engajamento, são uma parte significativa” do motivo pelo qual o discurso de ódio e a desinformação “crescem” em sua plataforma.

“Engajamento não é sinônimo de boa saúde mental”, disse James Mickens, professor de ciência da computação em Harvard e co-diretor do Instituo de Mídia Social Berkman Klein.

Mudar esse sistema não é tão simples, embora vários especialistas concordem que as mudanças podem envolver considerar os sentimentos que os usuários têm ao usar a mídia social, e não apenas a quantidade de tempo que passam usando-a.

No passado, alguns poderiam ter dito que exigiria pressão dos anunciantes que patrocinavam essas plataformas. Mas em seu depoimento, Haugen parecia apostar em uma resposta diferente: pressão do Congresso.

*CNN