Os CEOs Mark Zuckerberg, do Facebook, Jack Dorsey, do Twitter, e Sundar Pichai, do Google, prestaram depoimento ao Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado dos EUA nesta quarta-feira (28). Os executivos foram convocados para esclarecerem dúvidas dos congressistas sobre a responsabilidade das empresas sobre o conteúdo publicado por seus usuários.

A Seção 230, da Lei de Decência das Comunicações, que protege as plataformas de internet e seus proprietários da responsabilidade pelo que os usuários publicam e compartilham, foi o principal ponto debatido com os líderes das três gigantes da rede.

Twitter

O primeiro a falar foi Dorsey, que começou ressaltando a importância da Seção 230 para a liberdade de expressão dos usuários. 

Questionado sobre o motivo do Twitter ter indicado aos usuários que uma postagem do presidente Donald Trump poderia conter desinformação, mas não conter conteúdos de outros usuários, Dorsey focou sua resposta em explicar a política de sua rede social.

O CEO enfatizou que as regras de sua empresa visam proteger contra tweets que poderiam incitar violência ou causar danos no mundo off-line e  argumentou que o Twitter tomou medidas em relação às postagens de muitos líderes mundiais.

Como esperado, o tópico sobre a maneira como o Twitter lidou com uma postagem do New York Post sobre uma matéria que aboradava um suposto uso de influência de Joe Biden para que seu filho fechasse negócios na Ucrânia. O senador Ted Cruz perguntou quem havia dado o poder para que a empresa bloqueasse ou não um conteúdo jornalístico. 

Segundo o executivo, o motivo do conteúdo ter sido bloqueado foi que as  imagens contidas na matéria como provas de um ato de corrupção estariam ferindo as políticas da plataforma, como cópias da tela de computadores e celulares obtidas sem autorização.

Google

Na sequência, Sundar destacou as vantagens da internet, como permitir que conteúdos sejam compartilhados com o mundo todo de forma simplificada. “Informações podem ser compartilhadas e conhecimentos podem fluir de qualquer pessoa para qualquer lugar”, afirmou o CEO.

O responsável pelo buscador disse que a empresa sabe dos riscos que a internet criou e que se preocupa com a segurança dos dados de seus usuários e que estão “profundamente comprometidos com a liberdade de expressão” e completou dizendo que isso só é possível por conta da seção 230.

A senadora Maria Cantwell questionou Sundar sobre a queda de 30% a 50% de receita publicitárias da mídia tradicional, como TVs e jornais impressos, causado pelos anúncios do Google. Em resposta, o executivo afirmou que a empresa entende a importância do jornalismo e está trabalhando para promover notícias na plataforma.

“Mandamos muito tráfego de internautas para notícias e compartilhamos parte da nossa receita com os veículos. Além disso, estamos investindo em produtos por assinatura e pretendemos gastar bilhões de dólares nos próximos anos com licenciamento”, disse.

Sundar terminou sua fala ressaltando, no entanto, que a internet como um todo, não apenas o Google, tem sido “uma força extremamente disruptiva”.

Facebook

Zuckerberg foi direto em sua fala inicial afirmando que empresas privadas não deveriam ser responsáveis sozinhas por moderar conteúdos. Assim como os demais convocados, defendeu a Seção 230 e afirmou que sem essa regulação as empresas poderiam ser reponsabilizadas por retirar conteúdos, como discurso de ódio, que afetam a segurança das pessoas em suas comunidades.

O CEO apontou a necessidade de atualizar a Seção 230 ao invés de acabar com ela. “A primeira coisa é fazer o sistema de moderação ser mais transparente. E também separar os bons dos maus para garantir que as empresas não se escondam atrás da seção 230 para realizar atividades ilegais em suas plataformas”, afirmou.

O executivo concluiu dizendo que sua rede social tem contribuído para um debate democratico na rede e para um bom encaminhamento das eleições norte-americanas, considerando que os usuários podiam usar a plataforma do Facebook para se registrar e ter direito ao voto na próxima terça-feira (3).

A maioria dos congressistas que participaram da sessão direcionou perguntas para o CEO do Facebook. Um dos assuntos abordados foi a possível interferência no pleito norte-americano por meio da rede social.

Zuckerberg se defendeu dizendo que apenas as autoridades norte-americanos podem barrar esse tipo de ação pela internet. “Nos últimos anos, derrubamos mais de uma centena de redes que estavam potencialmente tentando espalhar misinfroamton ou interferir. Muitos deles vinham da Rússia ou do Irã, um número crescente da China também, e neste ponto estou orgulhoso de que em nossa empresa e também em outros na indústria, desenvolveram systerms que são muito eficazes nisso. Não podemos impedir que países como a Rússia tentem interferir nas eleições, apenas o governo dos EUA.”

*R7