O vazamento de diretrizes internas do Facebook está causando nova dor de cabeça para Mark Zuckerberg, fundador da rede social mais acessada do mundo. Segundo uma reportagem publicada pelo britânico The Guardian, a empresa permitiria que “figuras públicas” sejam alvos de ataques, incluindo até mesmo “pedidos de morte”.

De acordo com um moderador do Facebook, que repassou ao jornal o documento com mais de 300 páginas e datado de dezembro de 2020, a postura da empresa se daria para “permitir o debate, que muitas vezes inclui comentários críticos sobre pessoas que aparecem nos noticiários”.

Figuras públicas, como o príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle; e jogadores de futebol, em particular estrelas negras como Marcus Rashford, estão na lista como alvos, de acordo com o Guardian. A fama online é definida pelo Facebook a usuários que tenham mais de 100 mil seguidores em uma de suas contas de mídia social. Estar no noticiário também é o suficiente para privar os usuários de proteções.

O Facebook, que também é dono do Instagram, mudou suas políticas internas recentemente, em resposta às críticas recebidas por esse tipo de postagem, comprometendo-se a cooperar com as autoridades policiais em relação a discursos de ódio.

Apesar das novas regras, no entanto, a rede social considera legítimo, por exemplo, o pedido de morte de uma “celebridade local menor”, desde que o usuário autor da mensagem não marque a pessoa na postagem.

Para Imran Ahmed, fundador do Center for Countering Digital Hate, criado para combater o ódio digital, as revelações são “espantosas”:

“Apesar dos ataques nos últimos anos, incluindo o assassinato (da parlamentar britância) Jo Cox e a invasão ao Capitólio dos EUA, a promoção da violência contra figuras públicas segue sancionada pelo Facebook”, disse Ahmed, acrescentando que a segurança de autoridades e figuras públicas está em risco.

Ahmed lembra que “atores de ódio usam essa brecha e visam mulheres e minorias para dissuadir suas participações em grupos de ativismo pela tolerância e inclusão social. “Só porque alguém não foi marcado (numa postagem), não significa que a mensagem não foi ouvida em alto e bom som”, declarou.

Um porta-voz do Facebook disse ao The Guardian que a empresa acha “importante permitir a discussão crítica de políticos e outras pessoas aos olhos do público. Mas isso não significa que permitimos que as pessoas abusem ou assediem em nossos aplicativos. Removemos o discurso de ódio e as ameaças de danos graves, independentemente de quem seja o alvo, e estamos explorando mais maneiras de proteger as figuras públicas do assédio”, afirmou.

*O sul